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Foto do escritorMaria Correia

Após uma década, Blind Pigs faz apresentação solo em São Paulo


Texto: Guilherme Gões

Fotos: Pê Oliveira - @aminadasbandas


Formada em 1993, na cidade de Barueri, Blind Pigs foi um dos primeiros nomes do cenário punk nacional a lançar materiais caprichados (tanto na qualidade do som quanto na estética marcante de seus encartes), digno de competir de igual para igual com grupos internacionais. Ainda no primeiro disco completo, intitulado “São Paulo Chaos” (1997), o conjunto ganhou destaque na cena brasileira por reunir composições que abordavam questões sociais e políticas e excelente qualidade de gravação e remasterização


Durante as décadas de 1990 e 2000, a banda lançou álbuns importantes, incluindo "The Punks Are Alright" e "Blind Pigs", que foram fundamentais na ampliação do alcance do punk para um público mais amplo. Contudo, em 2006, o grupo entrou em hiato, retornando de maneira marcante em 2013 para um show de reunião memorável no Cine Joia.


Após esse período, os membros embarcaram em novos empreendimentos, com Henrike liderando o Armada e Gordo contribuindo para o projeto O Preço.


Em agosto, a banda agradou os fãs com uma apresentação no Oxigênio Festival, reacendendo as esperanças de uma possível nova turnê. Para a alegria dos seguidores, o grupo confirmou a realização de uma mini excursão em comemoração aos 30 anos de carreira, contemplando diversas cidades das regiões sul e sudeste. O pontapé inicial aconteceu na última sexta-feira (10), no Carioca Club.


A abertura da festa contou com o set da banda Não Há Mais Volta, um nome recente do cenário punk paulistano, que segue mantendo viva a chama da sonoridade característica do "Punk 77". Mesmo diante de uma plateia ainda modesta, Fernando irradiou entusiasmo ao proporcionar uma performance de alta qualidade, envolvendo os presentes com as músicas do álbum "Atrás de Emoção", destacando-se especialmente o single "Guerra e Paz", que recebeu uma calorosa recepção.



Além disso, ainda houve espaço para um cover versão punk rock do clássico "Homem Primata" dos Titãs.


Apresentando nova formação, o evento prosseguiu com Gritando HC, um dos alicerces do hardcore melódico nacional, já contando uma expressiva presença de fãs na pista do clube. A banda aproveitou os primeiros minutos do set para revisitar alguns de seus maiores clássicos, como "Punks Não Morreram", "Eu Protesto" e "Libertar Nossas Correntes". Ao término do primeiro bloco, a vocalista Lê expressou gratidão pela oportunidade de tocar pela primeira vez no Carioca Club, um local onde havia assistido shows de algumas de suas bandas favoritas. Em seguida, destacou os singles inéditos que estarão presentes no próximo trabalho da banda, incluindo faixas como “Naquela Noite”, “Se Reinventar” e “Alomorfia”.



Na reta final, os fãs foram agraciados com a participação especial de Teco Martins, vocalista do Rancore, em "Eu Quero Ser Punk Com Você", e Raffa, do projeto "Gritando Ska", que acrescentou passagens de trompete em "Velho Punk", o maior hino do grupo.


Zumbis do Espaço é praticamente uma "banda irmã" do Blind Pigs. Ao longo das décadas de 1990 e 2000, o grupo compartilhou o palco diversas vezes com a principal atração da noite, desempenhando um papel fundamental na definição da identidade do punk nacional. Portanto, mais do que justo incluí-los para animar o público na reta final do evento.



Sem muitas palavras, Tor e companhia mandaram uma verdadeira "chuva" de canções queridas pelos fãs, como 'Vampira', 'A Marca Dos 3 Noves Invertidos' e 'Sua Última Oração'. O vocalista envolveu a plateia ao simular socos no ar, incentivou gritos nos coros que preenchem os refrãos das canções da banda e até passou o pedestal do microfone para os fãs, proporcionando assim um momento de maior protagonismo à plateia durante o show.


Após uma breve pausa, chegou o momento mais aguardado da noite: Blind Pigs celebrando seus 30 anos de existência no movimento punk rock!


Logo no início, com o Carioca Club completamente lotado, a banda presenteou a plateia com algumas músicas da fase em inglês, incluindo "Victory", que não era executada ao vivo há mais de 25 anos. Na sequência, Teco Martins surgiu para mais uma colaboração, desta vez em "Amanhã Não Vai Mudar". Proporcionando uma verdadeira aula de punk rock, o show rompeu qualquer barreira entre "público/artista", com Henrike incentivando os fãs a subirem livremente ao palco e pegarem o microfone para entoar hinos do punk nacional como "Legião de Inconformados", "Sentinela dos Mares" e "Bandeira a Meio Mastro".


Dentre os momentos mais impactantes da festa, antes de iniciar "Verão de 68", o frontman ressaltou que a banda sempre manteve uma postura anti-fascista e que tomar posições sempre fez parte da atitude do grupo. Em "7 de setembro", Paulo, o filho mais novo do vocalista, foi convidado a entoar um dos principais singles da carreira do Blind Pigs. Embora a participação ativa do público tenha marcado todo o set, o ápice ocorreu durante "União", quando dezenas de fãs invadiram o palco.



Neste retorno triunfal, o Blind Pigs demonstrou que continua sendo uma força no cenário, capaz de comandar um espetáculo vibrante e com uma postura política exemplar, tocando em pontos que merecem ser questionados. Nas próximas semanas, a turnê prossegue, então não perca a oportunidade de conferir essa verdadeira aula de punk rock na sua cidade!




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