Texto: Emerson Mordien - @emersonmordien
Fotos: Anderson Hildebrando - @andersonh_fotografia
Data do Show: 09/07/2022
No último sábado no tradicional Espaço Som em São Paulo, tivemos uma ode ao Doom Metal com 3 grandes expoentes do estilo no país, HellLight, Eternal Sorrow e Unholy Outlaw
Cheguei as 19 horas no local e já se via uma movimentação de Doomers, tanto dentro do Espaço Som, como em uma padaria ao lado e aos poucos o público foi chegando, o que já dava indícios de que o evento seria com um ótimo público. Importante salientar o fato da facilidade de se chegar ao Espaço Som e de sua estrutura, muito bem organizada e dividida entre seus diversos estúdios, lanchonete, área do show e ao fundo uma área para fumantes e para o público conversar.
Já com a casa bem mais cheia, tivemos pontualmente às 20 horas, o início do show da Unholy Outlaw. A banda já é conhecida do público paulistano. Com músicos conhecidos e respeitados na cena metálica brasileira, eles já chegaram com a abertura com a intro "Mephisto", seguida de "Open The Gates", que já em seus primeiros riffs, ganhou o público, que cantava as partes de guitarra, muito influenciado por bandas como Candlemass, Pentagram, Saint Vitus e claro, Black Sabbath! Logo após a excelente "Forgotten", veio a clássica "Dark Wings", para o êxtase dos presentes.
O show seguiu com "13 Disciples" e "Mortal Desire" e se encerrou de forma magistral com "Ancient Hill Of War". Um show que agradou a todos os presentes e preparou o terreno para o que viria a seguir.
Logo após a Unholy Outlaw e com a casa em sua lotação praticamente máxima, tivemos os Curitibanos da Eternal Sorrow, que voltavam a São Paulo depois de longos 7 anos. A expectativa era grande em relação a volta dos Curitibanos à capital e toda essa espera valeu a pena. A primeira foi "To Perpetuate My Distance", seguida das clássicas "Eternal Sorrow" e "Final State of Depression". A banda ao vivo soa muito coesa, destaque para as atmosferas criadas pelo teclado e para a cozinha de baixo e bateria da banda. O vocal estava um pouco baixo neste início, mas nada que comprometesse o show.
O Eternal Sorrow seguiu desfilando clássicos incontestáveis do Doom Metal nacional como "Funeral Waltz", "Dreams of Reality" e "The Twilight of Life", todas do maravilhoso álbum "The Way of Regret'' de 1998. Esta foi a primeira vez que vi a banda ao vivo e me chamou muito atenção a atmosfera lúgubre e hipnotizante de suas músicas. Um show muito coeso, que mostrou o por que da Eternal Sorrow ser uma das principais bandas de Doom Metal brasileira. Para fechar a apresentação tivemos "Ashes" e ``Shroud'', que deixaram todos os presentes extasiados e satisfeitos com a excelente apresentação da banda.
Mais uma troca rápida e eis que surge o grande HellLight, pilar do Funeral Doom brasileiro (e por que não mundial), que voltava a tocar em São Paulo, desde o início da pandemia. O show era bastante aguardado pois pela primeira vez iriam tocar músicas de seu último álbum "Until the Silence Embraces", na capital paulista. Logo a intro começa e como de costume entram 2 moças com candelabros, já anunciando o que viria a seguir, uma aula de peso e grandes melodias em uma bela marcha fúnebre. O início se deu com a faixa título do último álbum "Until The Silence Embraces", seguida de "As We Slowly Fade". Neste momento o público assistia atônito a performance do trio, que é formado por Fábio de Paula (vocal e guitarra), Alexandre Vida (Baixo) e Renan Bianchi (bateria). Importante salientar 2 coisas: a primeira, o peso que a banda traz, mesmo nas partes melódicas da guitarra, a cozinha segue com um peso absurdo. Ponto positivo para Alexandre e Renan. Outro ponto são os vocais de Fabio, que vão de sussurrados, a um cavernoso gutural e vocal limpo de fazer inveja. Nas partes limpas ele dá um show à parte, com um controle e afinação impecáveis. Isso fica ainda mais evidente na maravilhosa "Shades of Black", um dos pontos altos do set e que deixaram todo o público abismado, tamanho é o poder dessa música ao vivo. Logo após, muitos pedidos por parte do público por "Funeral Doom" e "Fear No Evil", clássicos antigos da banda, mas a banda nos presenteia com "Dead Time", faixa do último álbum e que ganhou um belo vídeo clipe.
A canção foi muito celebrada por todos os presentes. E para fechar a apresentação do HellLight e o evento, foi a vez de "Time", que foi dedicada a todas as pessoas que se foram devido ao Covid. Um momento emocionante, onde muitos dos entes queridos que se foram devido a esse maldito vírus, foram lembrados em uma atmosfera única de respeito e contemplação. Após o final do show, muitos agradecimentos por parte da banda a casa, aos presentes e ao Eternal Sorrow e Unholy Outlaw. Esse foi o final apoteótico desta ode ao Doom Metal ocorrida no Espaço Som.
Finalizado o evento, muitos dos presentes ainda ficaram nas intermediações, confraternizando juntos das bandas presentes e já com ansiedade para quando seria a próxima celebração a música lenta e pesada. O Doom Over SP foi um grande sucesso, tanto pela escolha da casa, muito central e que acolhe bem o público, além de oferecer um excelente som, tanto pelas bandas que entregaram o melhor de cada uma e pelo público, que compareceu em peso e fizeram dessa, uma noite memorável.
Que venha logo um novo Doom Over SP!
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