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  • Foto do escritorFilipe Moriarty

Kool Metal Fest 2024 transforma o Carnaval em uma noite de metal

Fotos: Renan Kazuo (@mrkazuo68)


O festival, que já carrega 20 anos em sua existência, retornou no último domingo, 11 de fevereiro. O Kool Metal Fest é um dos eventos mais importantes do calendário de shows em solo brasileiro. Iniciado em 2003 com 2 edições anuais, o festival se tornou um dos mais respeitados e reverenciados de toda a América do Sul e, dentro de um cenário independente casual, misturou nomes respeitados nacional e internacionalmente e jovens promessas do cenário nacional.





 Para fazer jus ao legado, nesse primeiro KMF do ano, o festival nos presenteou, em pleno carnaval, com duas lendas do cenário metálico internacional - Exhorder e Vio-lence. Além disso, tivemos grandes representantes do metal underground nacional como Ratos de Porão e Damn Youth, para rechear ainda mais foram convidadas para o evento os grupos Cerberus Attack, Santa Muerte e Escalpo.



Com a abertura dos portões às 14h, o festival começou às 14h30, a banda paulistana Santa Muerte abriu os trabalhos. Liderada por Marília Massaro na guitarra e vocal, seguida de Marcelo Araújo no baixo e Jhully Silva na bateria. O Grupo entrou no palco com “Scars of Guilty” do seu primeiro e até então único EP, o  “Psychollic” de 2017, além dessa faixa, outras como “Cyco Pit” e “Trap on Track” estiveram no set list. A vocalista Marília, a todo momento agradecia a presença do público, que ainda estava começando a chegar…mas que já chegara com intensidade. Os poucos presentes já faziam pequenos moshpits e agitavam a galera, a frontwoman ainda deu um recado a todos - após 12 anos, finalmente, a banda estaria lançando em breve o primeiro full álbum.



A segunda banda a entrar em cena foi o Cerberus Attack, de São Mateus, Zona Leste de São Paulo. Pontualmente às 15h20 o grupo que é formado por Bruno Morais na bateria, Marcelo Araújo na guitarra solo, John França nas guitarra e vocal e Marcelo Maskote no baixo, já conhecido na cena paulista como “novos veteranos” do Kool Metal Fest. A banda ajudou a esquentar os motores. O grupo que a um ano estreou o clipe “Harbinger of Decay”, faixa que pertence ao seu mais recente disco de trabalho, o ”Abyss of Lost Soul”(2021) , brutalizou com seu thrash metal politizado e rápido. Além de “Harbinger of Lost Soul”, não ficaram de fora “Fastest Way to Die” e “Strategic Cut on Education”, do álbum “From East with Hate” de 2017 tivemos a faixa mais conhecida do grupo, “Face Reality”. Era possível ver cada vez mais espectadores chegando e apreciando o show, o público ainda era médio, mas barulhento! Mesmo com muitos espectadores ainda tímidos, o Cerberus Attack conseguiu agitar um pequeno moshpit animado.




 Às 16h00 o Escalpo sobe ao palco do Carioca Club. Após o primeiro show da tour 2024 em Piracicaba lançando o álbum “Unnus”(2023) o grupo formado por Neri Orleone, nos vocais, Allisson Big Bull e Thiago Franzin nas guitarras, Bruno Santana no baixo e Jean Novaes na bateria ,e que vem de uma recente tour na Europa, agitou o ainda tímido público do Festival. A banda tocou seu único disco full em pouco mais de 30 min de show. Foi o suficiente para cativar aqueles que ainda não conheciam o grupo. Faixas como “Onda de Estupidez” e “Eviscerando o Opressor” mereceram destaque na curta apresentação.  A presença de palco de toda banda, é definitivamente, um convite para agitação e apreciação, fazendo assim jus ao posto de revelação do ano.



Em seguida, às 16h50, o Damn Youth sobe aos palcos. O fenômeno cearense que tem como seus integrantes Jardel Reis no contra-baixo, Italo Rodrigo na bateria, Camilo Neto na guitarra e Elton Luiz nos vocais, eram um dos shows mais aguardados do festival, o grupo que já é um velho conhecido do cenário Underground do Centro Oeste, Norte e Nordeste vem mais uma vez a São Paulo, agora, trazendo como novidade “Descends into Disorder”(2023), seu mais recente disco. Faixas como “We Are Your Fear”, “Your Leader Will Fall”, “Descends into Disorder”, "Opression Breeds Rebelion” e “Restitution” foram algumas da faixa do novo disco que foram executadas, Além dessas, a já clássica “Nazi Punk/ Bangers Fuck Off!”(2018) e “No Mercy to Nazi Sympathy” (2018) - que encerrou o show; foram evocadas. A última( “No Mercy for..) foi belamente precedida por um belo “Foda-se Burzum!”. A todo momento os fãs agitavam e aceleravam o moshpit. Elton ainda agradeceu o carinho do público presente e agradeceu a todos. Após essa avalanche Crossover, o grupo abriu espaço para os veteranos do punk nacional - os Ratos de Porão.





Eram quase 18h e o Ratos de Porão entrou com tudo no palco. Jão Molina, mesmo sem interagir muito com o público convidava a todos para o moshpit com sua guitarra agressiva e potente, enquanto João Gordo, que a um tempo atrás havia preocupado a todos pelo seu estado de saúde, surpreendeu. O frontman não demonstrou cansaço ou apatia e não poupou um segundo de sua apresentação. Boka demonstrou o que todos já sabemos, um show de precisão e pressão na bateria. Juninho Sangiorgio, o mais agitado e corporalmente expressivo, destruiu tudo com seu Rickenbacker.


 O grupo que a pouco fez um show comemorando 40 anos de “Descanse em Paz”(1986) no lendário SESC Pompéia, preparou um setlist que trouxe músicas do álbum “Just Another Crime… in Massacreland”(1993), como “Satanic Bullshit” e “Video Macumba”, músicas do último álbum “Necropolítica”(2023), como “Aglomeração” e “Alerta antifascista” e, obviamente “Crucificados pelo Sistema” do disco de 1984. Além dessas faixas, o álbum aniversariante também ganhou representante, como “Descanse em paz”, “Cérebros Atômicos” e “Morrer Mais Uma Vez”. As faixas “Amazônia Nunca Mais”, “Farsa Nacionalista”, “Aids, Pop, Repressão”,“Beber até Morrer”, “Lei do Silêncio”, “Amazonia Nunca Mais” e “Crianças sem Futuro” do álbum Brasil(1989) também estiveram no setlist. Além de, “Sofrer” do Anarkophobia (1991) que elevou ainda mais o ânimo do público presente.


O mosh no momento em que o quarteto Metal Punk executava sua performance foi devastador, o Ratos de Porão é unânime quando o assunto é Moshpit e destruição, tudo no momento em que essas lendas estão no palco é intenso e brutal.





O Exhorder, após várias idas e vindas, mostra-se disposto e consistente desde 2017. Desde então, o grupo trouxe dois álbuns, o “Mourn the Southern Skies”(2019) e o mais recente “Defectum Omnium”(2024). A banda, que em estúdio trabalha agora com Pat O’Brian, o controverso ex-guitarrista do grupo Cannibal Corpse (Pat foi preso e logo em seguida solto, por invadir uma casa e depois correr em direção a um policial com uma faca em 2018) trouxe uma formação diferente para esta apresentação Kyle Thomas tocando Guitarra e  nos vocais, Waldemar Sorychta  na outra guitarra, Jason Viebrooks no baixo, e Sasha Horn na bateria. No momento em que o grupo entrou no palco, às 19h20 o público já estava quase todo lá, o Carioca Club estava abarrotado e o calor era inevitável.  


Chega enfim a vez do grande Headliner, o Vio-lence. A banda está de volta ao Brasil depois sua ultima apresentação em 2022 no Setembro Negro, dessa vez com os monstros do lendário Exhorder na tour denominada “Thrashers Attack 2024” o grupo trouxe quatro faixas do lendário “Eternal Nightmare”(1986), “Oppressing the Masses” (1990) e faixas do seu ultimo EP “Let The World Burn” (2022). A formação exclusiva para o show do Kool Metal Fest foi a do vocalista Sean Killian,Adrian Aguilar (Exmortus) na bateria e Christian Wolbers no baixo, já o guitarrista Phil Demmel deu o ar da graça nesta turnê, o músico que agora é oficialmente o guitarrista parceiro de Kerry King em sua carreira “solo” já está creditado no novo álbum do ex-Slayer, o “From Hell Arise” fez nesta noite seu último show com o VIO-LENCE, quem o substituirá para a turnê de Abril comemorando o “Eternal Nightmare” será Ira Black (HEATHEN/METAL CHURCH/ VICIOUS RUMORS).


O ponto mais alto da apresentação desses monstros de San Francisco, foi ao convidar Kyle Thomas para dividir palco e executar “California Über Alles” Dead Kennedys. O público foi à loucura, cantando a plenos pulmões o refrão icônico da canção. A euforia era tanta que, a todo momento, tinham fãs fazendo stage diving e até Sasha Horn, baterista do Exhorder, mergulhou no meio da multidão.


O show foi avassalador do início ao fim. Além de mandar os clássicos da banda, o vocalista Sean Killian, tirou fotos e interagiu com o público, elogiando as camisas e os patches dos coletes dos Headbangers presentes no festival, tudo isso na platéia, enquanto o Exhorder executava seu setlist.


Em meio à energia frenética que envolveu o Carioca Club durante o Kool Metal Fest 2024, ficou claro que este festival não é apenas um evento, mas sim um epicentro da paixão pelo metal. O festival reafirmou seu papel como um dos eventos mais relevantes do calendário de shows brasileiro, consolidando-se como um farol que une gerações de fãs e artistas do metal.



O festival foi uma verdadeira experiência sonora, que teve seu ponto culminante na performance avassaladora do VIO-LENCE, com seu Thrash Metal inconfundível. Desde Kyle Thomas junto a Sean Killian cantando "California Über Alles" à euforia do público, e os mergulhos ousados no moshpit que fizeram até o baterista do Exhorder, Sasha Horn, se juntar à multidão. Tudo isso traduz e destaca a comunhão única que o metal, e o Kool Metal Fest proporciona.


Assim, o Kool Metal Fest 2024 não foi apenas um concerto, mas um símbolo de resistência e afirmação da vitalidade do metal. Ao encerrar suas cortinas, o festival não apenas encerrou um show, mas deixou uma marca indelével na memória de todos, reafirmando-se como um ponto de encontro sagrado para todos os devotos do metal, onde a música ressoa tão alto quanto a paixão que a alimenta.






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