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Majestica volta à linha de frente do Power Metal com “Power Train”

  • Foto do escritor: Maicon Leite
    Maicon Leite
  • 23 de jun.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 24 de jun.

Cinco anos após o natalino “A Christmas Carol”, o Majestica retorna com “Power Train”, um álbum que não perde tempo com introduções longas nem pretensões modernosas. Em vez disso, entrega o que poucos ousam em pleno 2025: um disco de Power Metal melódico acelerado, vibrante e absolutamente empolgante. Nada aqui soa como tentativa de agradar a algoritmos — o que se ouve é uma banda totalmente consciente do seu papel e da sua proposta.

 

O álbum foi gravado na Suécia com produção capitaneada pelo próprio Tommy Johansson, que aqui assume não só os vocais e guitarras, mas também a direção criativa de praticamente tudo. Conhecido por sua atuação no Sabaton, Tommy já não precisa provar nada como instrumentista — mas o que impressiona em “Power Train” é sua liberdade. Livre das restrições temáticas de sua outra banda, ele brinca com a mitologia do Power Metal, homenageia, ironiza e eleva o gênero ao mesmo tempo. No próprio encarte do CD podemos constatar que os caras parecem ser muito divertidos.

 

“Megatrue” é o exemplo mais claro: um hino de arena que soa como um cruzamento entre Helloween fase “Gambling with the Devil” e o Hammerfall dos primórdios, cuja letra homenageia o próprio Hammerfall, com diversas citações de músicas da banda, como “With their hammer so high”, “A legend reborn blood bound”, “Last man standing at the end”, “Let the hammer fall on the...” e “Fall on the legacy of kings”.

 

“My Epic Dragon”, por sua vez, é um mergulho no universo fantástico que o Majestica domina desde os tempos de ReinXeed. O uso de teclados grandiosos e corais dramáticos lembra a produção de trilhas sonoras hollywoodianas, algo que Tommy já citou em entrevistas como uma de suas obsessões — nomes como Alan Silvestri e Danny Elfman influenciaram mais seu trabalho do que guitarristas de Metal tradicional.

 

Outro destaque é “A Story in the Night”, que equilibra passagens rápidas com atmosferas inspiradas, numa estrutura que flerta com a musicalidade teatral do Avantasia. A música começa como uma balada acústica, mas evolui para uma avalanche rápida e pesada, costurada com camadas vocais que mostram o quanto Tommy evoluiu também como intérprete. Não é à toa que seu trabalho vocal aqui é mais solto e dinâmico que em “Above the Sky” (2019) — ele parece menos preocupado em atingir padrões e mais interessado em contar histórias.

 

Do ponto de vista técnico, “Power Train” tem uma produção polida, mas não artificial. O baterista Joel Kollberg mantém a velocidade sob controle, priorizando levadas bem resolvidas a qualquer tipo de exibicionismo. O baixo de Chris Davidsson aparece mais do que nos registros anteriores, dando o suporte necessário na cozinha. O álbum ainda traz participações discretas de backing vocals adicionais e, como já virou costume no Majestica, algumas camadas de orquestração sampleada feitas pelo próprio Tommy.

 

Visualmente, a arte da capa criada por Jan Yrlund se conecta perfeitamente com a proposta do álbum — mas vai além. O trem não é apenas símbolo de força, mas de continuidade: o Majestica não parou, não desviou, apenas mudou de rota e voltou com mais controle sobre o próprio trilho. Yrlund, que já trabalhou com nomes como Korpiklaani, Ivory Tower, StormHammer e Obscurity, constrói ali uma imagem que parece saída de uma graphic novel steampunk, com ares de RPG clássico.

 

Outro detalhe que ajuda a entender o contexto de “Power Train” é sua recepção internacional. O disco, lançado no Brasil pela Shinigami Records, teve lançamento simultâneo no Japão em versão com faixas bônus — algo que a banda já havia feito nos tempos de ReinXeed, consolidando sua base fiel no mercado asiático, que é fã inveterada do estilo. Aliás, a primeira tiragem japonesa se esgotou em menos de uma semana, segundo informações divulgadas pela Atomic Fire Records.

 

Track list do álbum:

1.      Power Train

2.     No Pain, No Gain

3.      Battle Cry

4.     Megatrue

5.      My Epic Dragon

6.     Thunder Power

7.      A Story in the Night

8.     Go Higher

9.     Victorious

10. Alliance Anthem


No fim das contas, “Power Train” não pretende ser revolucionário — ele quer ser divertido, teatral, grandioso. E consegue. No meio de uma cena que muitas vezes se leva a sério demais, o Majestica apresenta um álbum que abraça o exagero sem culpa. É Power Metal para quem ainda acredita no poder da fantasia, do refrão cantado em uníssono e da guitarra com delay infinito. Metaforicamente falando, os maquinistas do trem o conduzem de forma segura e mantém tudo na linha, sem riscos de tombar na primeira curva, mesmo com a velocidade à toda.


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