Behemoth lança seu melhor álbum desde “The Satanist”; confira resenha de “The Shit Ov God”
- Maicon Leite
- há 54 minutos
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Nunca fui um fã ardoroso de Behemoth, especialmente de sua fase da década de 2000. Aliás, não sou grande admirador do Metal polonês como um todo, ou seja, Hate, Vader, Decapited e similares raramente figuram em minhas playlists. Entretanto, o Behemoth, ao lançar “The Satanist”, em 2014, conseguiu quebrar este gelo que tenho com a banda, pois até então o considero (de longe) seu melhor álbum e um dos álbuns mais impactantes daquele ano.
Nesta última década, Adam "Nergal" Darski (vocais e guitarra), Tomasz "Orion" Wróblewski (baixo) e Zbigniew "Inferno" Promiński (bateria) mantiveram uma sequência consistente de bons álbuns, como “I Loved You at Your Darkest” (2018) e “Opvs Contra Natvram” (2022). Apesar da qualidade, nenhum deles me surpreendeu verdadeiramente — até agora.
Com “The Shit Ov God”, lançado em 9 de maio, o trio supera “The Satanist”, trazendo composições marcantes e com uma pegada mais direta e agressiva. Produzido por Jens Bogren no Fascination Street Studios – conhecido por seus trabalhos com bandas como Amon Amarth, Amorphis, Arch Enemy e Sepultura, o álbum mantém a essência que caracteriza o Behemoth, sempre cercada de polêmica. A capa foi elaborada por Bartłomiej Rogalewicz, que já havia criado as artes dos álbuns anteriores, trazendo uma versão invertida do tradicional cristograma “IHS”.
Musicalmente, o álbum é carregado de riffs e solos inspirados, alguns flertando com o Metal clássico. Os vocais de Nergal mantêm sua agressividade característica, especialmente na faixa-título, que se inicia com o vocalista berrando: “Eat my flesh, drink my Blood / I am the shit ov god”. E é justamente nesta faixa que a banda conta com a participação especial de Androniki Skoula (vocais) e Haldor Grunberg (narração).
“The Shadow Elite”, que abre o álbum, é rápida do início ao fim, sem pausas para respirar, extrema e impactante, com uma letra que mistura poesia épica e profanação religiosa, combatendo o Cristianismo institucionalizado e exaltando o indivíduo como entidade soberana. “Sowing Salt” segue quase a mesma vibe, com passagens mais lentas intercaladas com momentos de pura velocidade. Tudo isso envolto numa letra que traz figuras mitológicas e referências bíblicas invertidas, como Adão, tratado aqui não como um homem obediente, mas sim ao Adão que desafiou a ordem divina ao comer o fruto proibido. Partindo deste ponto de vista, a banda exalta esse gesto como o ato inaugural da liberdade humana.
Assista ao vídeo de “The Shadow Ellite”:
Outro destaque é a veloz “Lvciferaeon”, praticamente um hino luciferiano, existencialista e anticristão, poético e simbólico, com referências bíblicas e à Nietzsche, questionando: “Se eu sou Deus, todos são. Se eu não sou, nenhum existe”. E é nesta faixa que Nergal exibe um de seus solos mais bem elaborados.
Para provar o caráter extremo do disco, “To Drown the Svn in Wine” surge com ótimas linhas de baixo em meio ao caos, enquanto “Avgvr (The Dread Vvltvre)”, encerra o álbum de forma épica. Ela traz uma excelente variação rítmica e, nos momentos finais, surpreende com belos arranjos de violão.
E volto a repetir: não sou fã ardoroso da banda, mas, para quem achava que “The Satanist” era seu ápice, este novo capítulo mostra que o Behemoth ainda tem muito a dizer.
Confira o álbum do Spotify:

Crédito Foto Sylwia Makris e Christian Martin Weiss