Rotting Christ transforma o Carioca Club em um altar, na celebração dos 35 Years Of Evil Existence

Texto: Filipe Moriarty Fotos: Anderson Hildebrando

O Carioca Club se transformou em um altar profano na noite de 29 de fevereiro de 2024. Sob os auspícios sombrios do calendário bissexto, os devotos do metal extremo se reuniram para testemunhar a manifestação sonora de uma das entidades mais veneradas do cenário: Rotting Christ.

Como um ritual primordial, a energia de excitação no ar era palpável, enquanto a multidão aguardava ansiosamente a chegada dos mestres gregos do black metal. Em meio à atmosfera metalica de antecipação e êxtase, as luzes cederam ao negrume e os acordes soturnos ecoaram pelos corredores, anunciando a ascensão iminente das lendas do black metal grego melódico.

Em uma sinfonia de blasfêmia e poder, Rotting Christ que está celebrando 35 anos de carreira em “35 Years Of Evil Existence” emergiu após 5 anos sem dar as caras em terras brasileiras. Envolvendo o público em uma teia de sons infernais, o grupo que passou por aqui em 2019, em sua ultima visita Iniciou o setlist com “666” do disco Kata Ton Daimona Eaytoy (2013), extasiando o público em uma abertura magnifica.

Formado por Themis Tolis e Sakis Tolis, os monstros sagrados do black metal comandaram o palco como verdadeiros arautos do abismo, acompanhados de Kostas Heliotis (baixo) e Kostis Foukarakis (guitarra) o grupo convocou legiões de fiéis para proxima faixa , executando “P’unchaw kachun- Tuta kachun” do álbum que nesta noite seria o mais contemplado, o já citado Kata Ton Daimona Eaytoy de 2013. O Álbum teve incríveis 5 faixas dedicadas ao disco de um total de 17 do setlist - sendo elas as já citadas “666” e “P’uchaw Kachun…” acrescenta-se “Kata Ton Daimona…”, “In Yumen-Xibalba”, “Grandis Spiritus Diavolos” - O que de certo ponto, frustrou os fãs mais “oldschool” do grupo e também frustra aqueles que buscaram ver um show de novidades.

Faixas de Aealo(2010) como “Demonon Vrosis”, “Noctis Era” apareceram no setlist, assim como faixas do consagrado Triarchy of the Lost Lovers (1996) como “King of a Stellar War ” e “Archon”. Outras faixas icônicas também apareceram como “Apage Satana” do disco Rituals de 2016 e “Non Serviam”o classico álbum de mesmo nome lançado em 1994.

As “novidades” ficaram por conta de “The Raven” e “In the Name of God” do Heretic de 2019 e “Pix Lax Dax” do álbum Pro Xristoy, previsto para lançado agora em maio de 2024.

O encore, ficou por conta de um clássico, um momento único foi quando Sakis convida o músico brasileiro Fernando Iser ( Iron Woods) para dividir os vocais na apocalíptica e devastadora “The Sign of Evil Existence”, do lendario “Thy Mighty Contract” de 1993. Levando a todos ao êxtase. A faixa que encerrou a noite foi o hino “Fgmenth, Thy Gift” também do primeiro full álbum de 1993.

Ao final, o Carioca Club se tornou um refúgio para os amantes do metal extremo e, com certeza todos nós testemunhamos novamente a energia única de Rotting Christ celebrando suas três décadas e meia de carreira. Envolvidos pela sinfonia que transcendia o tempo, os presentes foram guiados por um caminho entre o passado e o futuro da banda, também nos foi proporcionado uma conexão inesperada. Depois desta noite, nós brasileiros teremos uma conexão muito maior com estes padrinhos do Black Metal grego, deixando uma marca indelével na noite e provando que, mesmo nas profundezas do metal negro, a música pode unir a todos em uma experiência além das palavras.